Produção: SINDPREV-AL/Edição: Leonardo da Graça/Supervisão: Editorial de Comunicação
Desde a manhã desta quarta-feira (15/05/2019), as
ruas do país foram tomadas por milhares de estudantes, professores e
trabalhadores de escolas e universidades, por conta do Dia Nacional de Greve na
Educação, em protesto contra os cortes anunciados pelo Ministério
da Educação (MEC) para o setor. Após as 14h, todos os estados já haviam
registrado manifestações.
O sucesso das
manifestações foi tamanho que as entidades organizadoras decidiram convocar um
novo protesto em âmbito nacional para o próximo dia 30 de maio.
Segundo
a apuração da Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE), mais
de um milhão de pessoas participaram das manifestações. Conforme
levantamento da
imprensa, houve manifestações em mais de 200 municípios.
No último dia 30 de
abril, Abraham Weintraub, ministro da Educação, anunciou cortes de 30% em todos
os níveis da educação. Nas universidades federais, o governo bloqueará 30% do
orçamento previsto para pagamento de dívidas não obrigatórias, como
trabalhadores terceirizados, obra, compra de equipamentos, água, luz e
internet.
ATOS
PELO BRASIL
Nesta quarta-feira (15/05/2019), o presidente Jair Bolsonaro chegou no Texas
(EUA) e criticou os manifestantes. "É natural, agora a maioria é militante. Se você perguntar a
fórmula da água, não sabe nada. São uns idiotas úteis, uns imbecis, que estão
sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o
núcleo de muitas universidades federais no Brasil", afirmou o
mandatário, ignorando o perfil dos manifestantes, formado em grande parte por
alunos do ensino médio.
Os
protestos também tiveram como alvo a reforma da Previdência proposta pelo
governo federal e foram considerados pelas entidades organizadoras como um
"esquenta" para greve geral que está prevista para ocorrer dia 14 de
junho.
Norte
De acordo com o
Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior no
Estado do Pará (Sindtifes), dez mil pessoas estiveram na Praça da República, no
centro de Belém, no Pará, protestando contra os cortes na educação.
Professores,
estudantes e trabalhadores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
(UNIFESSPA), da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e da Universidade
Federal do Oeste do Pará (Ufopa) também se mobilizaram em Marabá e Santarém,
respectivamente.
esta manhã, professores, trabalhadores e estudantes
fecharam os portões de acesso à Universidade Federal de Roraima (UFRR), em
Boa Vista. Alunos e docentes do Instituto Federal de Roraima (IFRR) e da
Universidade Estadual de Roraima (UERR) também aderiram aos atos.
No Acre, 1,2 mil
pessoas integraram o protesto que fechou a avenida Brasil, em Rio Branco, de
acordo com a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Mais cedo, os portões da
Universidade Federal do Acre (UFAC) e do Instituto Federal do Acre (IFAC) foram
fechados.
Em Rondônia, estudantes da Fundação Universidade
Federal de Rondônia (Unir) participaram da manifestação na região central de
Porto Velho. No campus de Guajará-Mirim, na fronteira da Bolívia, estudantes e
professores do Instituto Federal de Rondônia (Ifro) e a população local
organizaram um protesto na porta da entidade, de onde partiram em caminhada até
a rodoviária da região.
No Tocantins, a
comunidade acadêmica local trancou os acessos à Universidade Federal do
Tocantins (UFTO) e da Universidade Estadual do Tocantins (UETO). No
interior do estado, as cidades de Guripi, Araguaína, Araguatins e Dianópolis
também se mobilizaram.
Em Manaus, capital
do Amazonas, a avenida Rodrigo Otávio foi palco de um protesto contra os cortes
na Educação.
Nordeste
O bairro do Farol, região central de Maceió, capital
de Alagoas,
foi o ponto de encontro dos manifestantes. De lá, caminharam até o Centro
Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa). Dez
mil pessoas participaram da manifestação, de acordo com os organizadores. Em Arapiraca,
interior do estado, outras duas mil protestaram na Praça da Prefeitura.
Houve panfletagem
em Natal, Rio Grande do Norte, organizada pelos estudantes do Instituto Federal
do Rio Grande do Norte (IFRN). Com a presença do líder do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, um ato ocorreu dentro da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pela manhã.
Em Mossoró,
manifestantes fecharam a avenida Presidente Dutra pedindo a revogação do
bloqueio no orçamento. Pelo interior, as cidades de São Gonçalo do Amarante,
Nova Cruz, Fernando Pedroza e Currais Novos também tiveram protestos.
Em Teresina,
ocorreu um ato na avenida Rio Branco, que terminou na Praça da Bandeira.
Nas ruas, secundaristas e universitários formavam a linha de frente do
protesto. Além da capital, os municípios de Picos, Floriano, Pedro II,
Parnaíba, Cocal, Corrente e Angical do Piauí também registraram manifestações.
Em Aracaju, o protesto começou cedo.
Eram 6h quando estudantes, funcionários e professores da Universidade
Federal de Sergipe (UFS), no campus de São Cristóvão, bloquearam os
portões de acesso à instituição. A ação foi repetida por alunos e docentes
do Instituto Federal de Sergipe (IFS).
De
acordo com os organizadores, 57 mil pessoas participaram das manifestações no
estado da Paraíba. Ao todo, houve registro de protestos em oito municípios. Na capital, João Pessoa, 30 mil pessoas se reuniram no centro,
em frente ao colégio Lyceu Paraibano,e caminharam até o Ponto de Cem Réis.
Houve, também, protestos em Campina Grande, Areia, Sousa, Cuité, Monteiro,
Guarariba e Patos.
A estudante de
psicologia da UFPB, Camila Ramalho Ramos, pediu que os cortes sejam revogados
pelo MEC. "Educação não é gasto, é investimento. Queremos estudar e
produzir ciência para esse país."
Anderson Luiz,
vice-presidente regional da União Nacional dos Estudantes (UNE) em João Pessoa,
explicou por que houve a participação massiva de alunos do ensino fundamental,
médio e superior na manifestação. "Não só na Paraíba como em todo o
Brasil, os estudantes são os protagonistas dessa mobilização. São muitos
estudantes carentes que estão com seus dias contados diante da universidade por
conta da falta de bolsas e falta de investimentos em educação".
Apesar da chuva,
estudantes, professores e sindicalistas se concentraram no cruzamento entre as
ruas Meton de Alencar e Senador Pompeu, no Centro de Fortaleza, capital do
Ceará. Segundo os organizadores, 100 mil manifestantes participaram do ato, que
passou pelo centro e foi encerrado na avenida da Universidade.
Em Salvador, capital baiana, o bloqueio econômico
na Educação motivou o fechamento de escolas públicas e privadas. Ao menos 80
mil pessoas, de acordo com os organizadores, participaram da manifestação que
ocupou todas as faixas da avenida Sete de Setembro e terminou na Praça Castro
Alves. Ilhéus, Juazeiro, Feira de Santana e Vitória da Conquista também tiveram
protestos.
A capital São Luis,
no Maranhão, teve protestos de um grupo de estudantes, funcionários e
professores da Universidade Federal do Maranhão (Ufma) protestaram em frente à
sede da entidade.
A Secretaria de Educação do Recife, Pernambuco,
informou que, das 309 escolas municipais do município, 122 fecharam nesta
quarta-feira. Em Recife, os professores da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) se reuniram na região central e tiraram dúvidas da população local sobre
diversos temas [confira no vídeo acima]. As cidades de
Serra Talhada, Garanhuns, Pesqueira e Caruaru tiveram manifestações.
Centro-Oeste
Organizadores das
manifestações divulgaram que 50 mil pessoas participaram do protesto em
Brasília. Eram 15 mil para a Polícia Militar. A concentração foi no Museu da
República e o ato se deslocou até a Praça dos Três Poderes.
Universitários,
docentes, técnicos administrativos e estudantes de ensino médio compunham a
maior parte da manifestação, que subiu o eixo Monumental pelo outro da
Esplanada às 13h. Como previsto, às 14h30 boa parte dos manifestantes já haviam
se dispersado na Rodoviária de Brasília.
Em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, os
manifestantes caminharam até o Terminal Morenão. Na concentração do ato, as
lideranças do ato divulgaram que havia ali 400 manifestantes. Luciana Beatriz
de Araújo Colombo, estudante e indígena da etnia Terena, pediu que haja foco em
maiores investimentos, não corte. "Eu estou aqui em prol da educação e
contra os cortes. Espero que mobilizando provocamos alguma mudança no que está
acontecendo."
Na capital do Mato Grosso, Cuiabá, os
manifestantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do mato
Grosso (IFMT) deram um abraço simbólico na sede da reitoria. A ação foi
repetida pelos estudantes do campus Professor Olegário Baldo, na cidade de
Cáceres.
A mobilização foi
grande em Goiás. Na capital, Goiânia, 20 mil estiveram no protesto, de
acordo com os organizadores. A manifestação partiu da Praça Universitária e
terminou na Praça Cívica. De acordo com o Sindicato de Trabalhadores em
Educação de Goiás (Sintego), 80% das escolas estaduais e 70% das municipais
estão fechadas. Nenhum campus das universidades e institutos federais abriu as
portas hoje. Houve protesto, também, em Jataí e Catalão.
Sudeste
Segundo levantamento do Brasil de Fato, 20 cidades
mineiras tiveram protestos nesta quarta. Araçuaí, Almenara, Belo Horizonte,
Lavras, Uberaba, Viçosa, Varginha, Poços de Caldas e Governador Valadares
tiveram manifestações pela manhã. Já em Diamantina, Itajubá, Juiz de Fora,
Montes Claros, Mariana, Frutal, Ouro Preto, Ipatinga, Patos de Minas, Ouro
Branco, Itabira e São João del Rei acontecem nesta tarde. Campi de Institutos
Federais (IFs) também organizaram protestos pelo interior do estado.
Na
capital Belo Horizonte, 250 mil manifestantes, entre
estudantes, professores e trabalhadores da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), do Centro de Federal de Educação Tecnológica (Cefet) e da Universidade
Estadual de Minas Gerais (UEMG) participaram das manifestações, que saiu da
Praça da Estação e terminou na Praça Raul Soares.
No estado do Rio de Janeiro, foram registrados atos em todas as regiões do Estado. Atos aconteceram em Angra dos Reis, Nova Iguaçu, Barra Mansa, Macaé, Seropédica, Campos dos Goytacazes, São João de Meriti, São Gonçalo, Araruama, Barra do Piraí, Itacoara, Nova Friburgo, entre outras. As manifestações foram organizadas pelas centrais sindicais, movimentos populares, Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, entidades de base do movimento estudantil, partidos de esquerda e movimentos do campo progressista.
Na capital do estado, Jessy Dayane, vice-presidenta da UNE, afirmou que o dia foi histórico e enalteceu a organização dos manifestantes. “Milhares de estudantes ocuparam as ruas do país inteiro junto com professores e trabalhadores. Está lindo de ver. É a maior mobilização desde que Bolsonaro foi eleito”.
Após o protesto, um ônibus foi incendiado na pista lateral da Avenida Presidente Vargas, na região central do Rio. Até as 21h20, não havia registros de feridos.
Em São Paulo (SP), a concentração da manifestação, marcada para o vão do Museu de Arte de São Paulo (MASP), já tinha 200 mil pessoas antes da saída do ato, marcado para 16h30.
Raquel Santos Marques de Carvalho, professora
do Departamento de Biofísica da Escola Paulista de Medicina da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), estava na manifestação em São Paulo e criticou
a fala do ministro em que insinua que haja "balbúrdia" nas
universidades.
"Qualquer
pessoa que tem um pouco de bom senso e conhece um pouco como funciona a
universidade sabe que nada disso que está sendo propagado é verdade. Eu acho
que, talvez, a ideia de ter essas falas é para influenciar pessoas que
desconhecem o que acontece dentro da universidade, como se estuda e se faz
pesquisa na universidade, para que a gente tenha cada vez menos apoio e que as
universidades diminuam", encerrou a docente.
A estimativa da
organização é de que o ato tenha reunido ao menos 250 mil pessoas.
A presidente do Sindicato dos Professores do Ensino
Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha,
criticou o projeto de reforma da Previdência de Bolsonaro, que pretende
privatizar o INSS e dificultar o acesso à aposentadoria: "A aula de
cidadania que se dá aqui hoje não é pouca coisa. Essa luta contra os cortes é
conjunta contra a reforma, porque sem aposentadoria também não há perspectiva
para o movimento estudantil".
Nesta manhã, estudantes secundaristas pararam as
ruas do bairro de Higienópolis, na região central. No interior do estado, as
cidades de Sorocaba, Presidente Prudente, Jundiaí, Ribeirão Preto, Campinas,
Jaboticabal, Santos, Araraquara, Rio Claro e São Carlos tiveram protestos.
Cinco mil pessoas,
de acordo com os organizadores, participaram do protesto em Vitória, no
Espírito Santo. O ato partiu da Praça do Papa e terminou na Assembleia
Legislativa do Espírito Santo (Ales).
Sul
Em Santa Catarina,
estudantes organizaram um café da manhã na entrada do campus Florianópolis da
Universidade Federal de Santa Catariana (UFSC). Pela tarde, cerca de 10 mil
manifestantes caminharam da UFSC até o centro da cidade, onde se juntaram à
concentração que ocorria em frente à Catedral, principalmente de estudantes
secundaristas e do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Houve protestos
em Itajaí, Chapecó, Blumenau, Lages, Camboriú e Concórdia.
Em
frente ao prédio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na praça Santo
Andrade, região central de
Curitiba, 20 mil pessoas se concentraram para
protestar contra os cortes na Educação, de acordo com
os organizadores. O ato foi encerrado na Praça Nossa Senhora de Salete, no
Centro Cívico. Nos municípios de Ponta Grossa e Maringá, a comunidade acadêmica
também se mobilizou.
Em Foz do Iguaçu (PR), trabalhadores e
estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e do Instituto Federal do
Paraná (IFPR) protestaram juntos contra a reforma da Previdência e os cortes na
educação. A manifestação começou no Terminal de Transporte Urbano da
cidade e seguiu em caminhada rumo ao centro do município.
Na
capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 20 mil pessoas se
concentraram na Esquina Democrática a partir das 18 horas,
de acordo com os organizadores. Para a Polícia Militar, foram 5 mil
manifestantes. Pela manhã, a PM foi truculenta para dispersar estudantes
que estavam concentrados em frente a Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) bloqueando a rua Sarmento Leite. A corporação usou balas de borracha e
bombas de gás lacrimogênio. Santa Maria, Caxias do Sul, Uruguaiana, Panambi,
Cruz Alta, Santo Augusto e Pelotas foram os municípios do estado que
também registraram manifestações.
Fonte: Brasil de Fato - https://www.brasildefato.com.br/2019/05/15/em-todos-os-estados-brasileiros-vao-as-ruas-em-defesa-da-educacao-e-contra-bolsonaro/